sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

40 judeus fogem do Irã. Ou não fogem?

Uma notícia sacudiu Israel e a comunidade judaica no Irã. A TV israelense mostrou a chegada de 40 judeus iranianos que teriam fugido do Irã para Israel com ajuda de um grupo evangélico americano. A liderança comunitária judaica iraniana diz que é mentira "porque a TV israelense não mostrou o rosto dos fugitivos." Por sua vez, a emissora disse que não mostrou os rostos para proteger a identidade do grupo e evitar represálias a seus familiares ainda no Irã.

No meio dessa história complicada, foram divulgados mais dados sobre os judeus no Irã. O líder da comunidade judaica e o parlamentar eleito sabe-se lá como, numa eleição onde até candidatos muçulmanos de partidos mais liberais foram impedidos de participar, afirmaram na mídia iraniana que os judeus "nunca saíram do Irã em momento algum de sua história" e que a vida lá "é plena, livre e maravilhosa." Discurso típico de regime totalitário onde as lideranças são obrigadas a falar o que o governo manda para se manterem vivas: Judenrat do século 21.

Judenrat, palavra alemã para "Conselho Judeu", eram corpos administrativos que os Alemães requeriram que os Judeus formassem em cada Gueto do Governo Geral (Parte central da Polónia ocupada).

Estes corpos de gerência eram obrigados a assegurar o governo geral do Gueto, e situavam-se como intermédios entre os Nazis e a comunidade judaica. Eles foram forçados pelos Nazis a providenciar Judeus como trabalho escravo e a assistir na deportação de Judeus para campos de extermínio durante o Holocausto. Aqueles que recusavam seguir ordens Nazis, ou eram incapazes de cooperar totalmente, eram frequentemente cercados e assassinados ou deportados para os campos de extermínio.

As declarações desses novos colaboracionistas são tão inconsistentes quanto a negação oficial do Holocausto pelo Irã. Vejamos. No início dos anos 1920, quando se estabeleceu a "dinastia Pahlevi", ouve uma liberdade para todas as minorias religiosas no país com uma diminuição do poder do clero xiita. Fala-se de 130.000 a 140.000 judeus por lá naquela época.

Nos anos 1930, os "Pahlevi" se alinharam com a Alemanha nazista, fecharam as escolas judaicas e passaram a usar a mídia oficial para textos e cartuns abertamente anti-semitas. Não chegou a haver perseguição aberta, até porque a influência inglesa e americana se estabeleceu no Irã cujos portos do Golfo Pérsico se tornaram vitais para uma rota de abastecimento contínua de petróleo e equipamentos militares para o sul da União Soviética.

Em 1948, com a criação do Estado de Israel o anti-semitismo se fortaleceu. Entre 1948 e 1953 cerca de 1/3 da comunidade judaica emigrou para Israel. Na maioria, os mais pobres. Estima-se que de 1948 a 1978 cerca de 70.000 judeus abandonaram o Irã. Talvez o mais ilustre, cuja família veio foi para Israel ainda nos anos 1920 foi o ex-presidente Moshé Katsav.

Em 1979, antes da revolução islâmica havia o registro de 18 membros judeus da Academia de Ciências Iraniana, 80 professores universitários e 600 médicos. A última informação pré-revolucionaria com credibilidade aponta para a população judaica de distribuída da seguinte forma: 80.000 judeus no Irã - Teeran (60.000), Shiraz (8.000), Kermanshah (4.000), Isfahan (3.000) e núcleos menores em Khuzistan, Kashan, Tabriz e Hamedan.

No início de 1979, ocorre a Revolução Islâmica e o aiatolá Khomeini vem da França para assumir o governo de uma República Islâmica fortemente controlada pelo clero xiita. Uma de suas primeiras providências foi um encontro com as lideranças comunitárias judaicas e a proclamação de uma fatwa (decreto religioso islâmico) decretando que os judeus deveriam ser protegidos.

Mas pouquíssimo tempo depois, em 16 de março de 1979, Habib Elghanian o líder da comunidade judaica no Irã foi preso sob as seguintes acusações: (a) corrupção, (b) contatos com Israel e sionistas, (c) amizade com os inimigos de deus, (d) hostilidade contra deus e seus emissários e (f) imperialismo econômico. Seriam acusações cômicas e bizzaras se não mostrassem a que se propunha a fatwa de alguns meses antes. Elghanian foi julgado por um tribunal revolucionário, condenado a morte em 8 de maio de 1979. Com a brutal eliminação de Habib Elghanian o governo xiita começa a construir seu Judenrat.

Não se sabe se outras lideranças comunitárias foram presas, processadas e condenadas durante o período de "tribunais revolucionários."

Nos primeiros meses da Revolução 20.000 judeus saíram do Irã. Estima-se que hoje persistam entre 30.000 a 40.000 judeus no Irã sendo 25.000 deles na capital. Mas não leve estes números como a verdade absoluta, pois são uma estimativa compilada de diversas fontes, sendo que as únicas fontes que poderiam nos dar a certeza, o governo iraniano e a liderança comunitária judaica, não divulgam os dados.

No ano 2000, 13 judeus ortodoxos foram presos em Shiraz acusados de serem espiões de Israel, quando estavam estudando a Torah. Houve pressão internacional e as condenações inicialmente a morte, foram comutadas para entre 4 a 14 anos de prisão. Alguns foram soltos posteriormente. Não se sabe o paradeiro atual de nenhum deles.

Segundo o HIAS - Sociedade Hebraica de Auxílio à Imigração, entre outubro de 2005 e setembro de 2006, 152 judeus deixaram o Irã. No mesmo período entre 2004 e 2005 foram 297 e no período anterior, 183.

As informações que se têm apontam para a existência de 25 sinagogas ativas no Irã, 11 delas em Teeran, quase todas com escolas judaicas. Existiriam 4 açougues kasher, dois restaurantes kasher, um lar de idosos, um cemitério e uma biblioteca com mais de 20.000 livros. Existe ainda o Dr. Sapir Jewish Hospital, o maior hospital beneficente do Irã cuja maioria dos funcionários e pacientes é muçulmana, mas o atual líder da comunidade é um dos diretores deste hospital. A comunidade judaica editava um jornal chamado, em farsi, de Ofogh-e-Bina. Segundo o relatório de 2007 do Departamento de Estado Americano sobre a liberdade religiosa no Irã, cuja leitura é recomendada para quem quiser se aprofundar no assunto, o jornal deixou de circular este ano por pressões do governo. Mas não há relatos locais confiáveis ou fotos de nada disso.

Além do anti-sionismo e da plataforma político-religiosa de varrer Israel do mapa, o governo iraniano também tem sua agenda claramente anti-semita. Em 2004, os jornais de todo o país comemoraram os 100 anos da publicação dos Protocolos dos Sábios de Sião. O governo afirma que deve ser ensinado o hebraico para a comunidade judaica mas desincentiva a publicação de livros e textos em hebraico. As escolas judaicas são obrigadas a funcionar aos sábados durante o shabat, impedindo que as famílias judaicas atendam aos preceitos religiosos e coloquem seus filhos nas escolas, pois ao faltar em todos os sábados, não atingiram o número mínimo de aulas para suas aprovação. Aos judeus são negados cargos e empregos no serviço público, o ingresso na polícia ou no exército e ainda serem diretores de escolas, inclusive as judaicas, entre outras profissões negadas a judeus.

O estímulo que houve à saída dos judeus na década de 1980 agora foi substituído por uma taxação extra na emissão de passaportes para judeus e na proibição de membros da mesma família estar fora do país ao mesmo tempo. Apesar dos judeus serem oficialmente considerados como uma das minorias religiosas, o shabat não é mais reconhecido.

É neste contexto que estamos entrando em 2008 quando muitas cartas serão jogadas na mesa das disputas no Oriente Médio e tomara que o Irã nunca jogue com a carta de uma comunidade refém. Até agora, cidadãos de segunda classe, mas não fisicamente perseguidos. Segundo a Enciclopédia Britânica a comunidade judaica na "Pérsia-Irã" pode ser traçada até 600 anos a.c. mantendo suas tradições e cultura ao longo de quase 2.700 anos.

José Roitberg é jornalista e diretor de Comunidade na TV

Caso 100 anos de Oscar Niemeyer

Ainda hoje fomos surpreendidos pela continuação da divulgação de emails atribuindo um discurso anti-semita na matéria que a TV Globo fez com o arquiteto Oscar Niemeyer pela ocasião de seu centenário.

Não é possível que passados tantos dias algumas pessoas ainda aproveitem para espalhar a confusão e a desarmonia para emails de dentro e de fora da comunidade judaica.

A partir dos 2m30s da matéria em questão, disponível nos vídeos do Globo Media Center, o email afirma que o arquiteto teria dito que só se podia trabalhar para "... os donos do dinheiro, os judeus... "

É um caso de "anti-semitismo acústico" onde pessoas ou não escutam direito ou têm sistemas de som que não reproduzem direito. Ouvimos o vídeo em vários computadores e podemos afirmar que em alguns, principalmente com o áudio baixo, o que se ouve é o que circulou.

Mas em outros, com caixas de som de melhor qualidade e com áudio mais alto, percebe-se claramente que Niemeyer falou "... os donos do dinheiro, os governos ..." Como sua fala está arrastada e por vezes embolada, sua dicção para "governos" é claramente "jovernos". Algumas pessoas entenderam muito errado e é necessário que a disseminação pare.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Hebraica na Venezuela invadida na calada da noite

Era meia-noite de sábado para domingo, dia do plebiscito no qual o governo venezuelano foi derrotado em suas pretensões de perpetuação no poder, quando 40 policias do DISIP (polícia política), grupos anti-terror, esquadrão anti-bombas, e entorpecentes derrubaram as portas do Colegio y Centro Social, Cultural y Deportivo Hebraica de Caracas. Estavam a procura de armas e explosivos que "poderiam ser usados para desestabilizar o plebiscito."

Os diretores do clube e da escola foram impedidos de entrar no local enquanto a polícia revirava as instalações. Ninguém foi preso e nada foi achado. O caso iria ser abafado, mas com todos tendo acesso à internet e a corajosa radialista venezuelana Eleonora Bruzual botando a boca no trombone, este não será varrido para debaixo do tapete.

Perto dali, era celebrado um casamento judaico com mais de 900 convidados.

O texto completo dela pode ser visto espanhol neste link: anti-semitismo na Venezuela.

Em 2005, a polícia venezuelana havia invadido a Hebraica, logo no início do dia, quando as crianças chegavam para as aulas - lá funciona uma grande escola judaica - procurando armas que poderiam ter sido utilizadas no assassinato do fiscal Danilo Anderson. Nada foi encontrado daquela vez também.

Um marechal que atravessou 3 séculos

Amanhã (terça), completa 107 anos o marechal Levy Cardoso, ex-presidente da Petrobrás, que participou da tomada de Monte Castelo, na Segunda Guerra Mundial. Ele nasceu no século XlX ( 4 de dezembro de 1900) e atualmente detém o bastão de comando da FEB é o último marechal brasileiro. Na foto, o marechal ao lado de Sergio Niskier, presidente da FIERJ, nas comemorações de 7 de Setembro no Rio de Janeiro. Ao que se saiba é um dos três judeus mais velhos do mundo, certamente o mais velho das Américas.

Mais idoso que ele, pelo que se sabe, é o russo Boris Efimov, nascido Boris Fridland, que comemorou seus 107 anos em outubro. Boris não teve educação judaica e foi nomeado "Pintor do Povo", pela USSR em 1967 e trabalhou como caricaturista político até os anos 1980. Boris começou a estudar o judaísmo aos 100 anos numa das unidades do Bait Chabad de Moscou.

Mulher que datilografou listas de Schindler vai para Israel

Jerusalém, 2 dez (EFE).- Aquela que foi secretária do alemão Oskar Schindler, empresário que ajudou centenas de judeus durante a II Guerra Mundial, chegará terça-feira a Israel, onde vai viver perto do seu único filho e da família dele

Mimi Reinhard, de 92 anos, trabalhou durante três anos para Schindler, industrial que salvou vários judeus da perseguição nazista ao contratá-los para sua empresa e cuja história inspirou o premiado filme "A Lista de Schindler".

A secretária aposentada, austríaca de nascença, tinha sido contratada pelo industrial e seu sócio Isaac Stern quando trabalhava como tradutora de alemão nos escritórios de um campo nazista na Polônia, em 1942.

Os judeus que sobreviveram ao nazismo graças a Schindler, que, por lei, podia servir-se deles como "mão-de-obra vital" para sua empresa, eram mantidos no gueto da Cracóvia, na Polônia."Eu escrevia à máquina os pedidos que (Schindler) apresentava às autoridades nazistas, entre estes as listas de trabalhadores de que precisava para a empresa", declarou Reinhard, que perdeu seu primeiro marido, polonês, durante o holocausto.

Pouco após o fim da II Guerra, Reinhard viajou para a cidade de Tânger, no Marrocos, onde conheceu e se casou com um agente judeu do serviço secreto britânico. Este ajudou-a a encontrar seu filho Sacha, que, como milhares de outras pessoas, foi parar num campo de concentração.

Sacha migrou há 30 anos para Israel, onde sua mãe desembarcará esta semana vindo de Nova York. Reinhard viverá num asilo da cidade de Herzliya, ao norte de Tel Aviv.