por José Roitberg - jornalista
Originada alguns dias atrás por uma matéria em inglês na Aish, rapidamente um texto estranho sobre a existência de um sobrinho-neto de Hitler, judeu, em Israel, professor universitário conceituado, se alastrou pelo mundo. Se estivéssemos em abril, estava tudo explicado. Este é um dos exemplos típicos da credibilidade total que as pessoas atribuem ao que é colocado na Internet. Ainda tem gente chamando a "Garoto" de anti-semita...
Recebemos vários emails com os títulos: "Olha só!", "Você Sabia?", "Impressionante!" Mas mas pessoas não fazem a mínima autocrítica ou tentam confirmar fatos históricos para saber se um texto enviado pela Internet pode ser verdadeiro ou não. Sempre que convém é verdadeiro. Quando não convém é falso.
Acho até curioso. Quando eu escrevi que a ministra da educação de Israel foi expulsa e agredida por alunos em Merkaz Harav, um monte de gente me acusou de mentiroso! Calma aí, pois a ministra esteve no Rio de Janeiro, nós a entrevistamos sobre este assunto e ela vai contar para todos os descrentes o que aconteceu com ela na ocasião. Vai ser no programa após Iom Kippur...
Agora, quando um texto da Aish, re-publicado em tudo quanto é canto, diz que um sobrinho-neto de Hitler estudou em Merkaz Harav todo mundo acha a coisa mais natural, acima de qualquer tipo de crítica...
Essa matéria estranha, afirma que uma pessoa não identificada, chamada apenas por "Dr. Daniel Brown", o que já deveria detonar a credibilidade, teria nascido em 1952 (nomes dos pais também não publicados) afirmando que sua avó se chamava Erna Petra Hitler. "Daniel" diz que Ema "tinha um sogro que era irmão de Hitler." Pronto! Esta matéria deveria terminar aqui, pois Hitler não teve irmãos e ponto final! Apenas Adolf e Paula chegaram a idade adulta.
"Daniel" diz ainda que Ema se casou com Hans Hitler, filho do tal irmão de Adolf...
O sobrenome Hitler era especificamente comum na Alemanha com várias grafias. Alguns anos atrás, tomamos um susto na FIERJ quando um senhor, com a esposa dele e a filha, vieram para uma entrevista de aliá: o sobrenome da família judaica era "Hittler" com dois "t", na carteira de identidade brasileira! Conversei com ele. Perguntei se isso tinha trazido problemas e ele respondeu que a vida inteira. Perguntei por que nunca trocou e ele disse que jamais trocaria pois conhecia a origem de sua família judia alemã desde o século 18 e tinha orgulho do sobrenome. Fizeram aliá e moram em Israel sem nenhuma dificuldade. Um grupo de pessoas chega no controle de passaportes com o sobrenome "Hittler" e nada de diferente acontece... Mas a filha de nosso embaixador, essa sim era suspeita...
A biografia de Adolf Hitler é especificamente conhecida e divulgada em dezenas de livros dos mais diversos pesquisadores anti-nazi, nazi e isentos dedicados à vida da besta nazista. Não há discussão sobre a família dele. Todos concordam.
O pai dele, Alois Schickelgruber tinha o sobrenome da mãe pois era filho da pai desconhecido. Em 1876 adotou o sobrenome do padrasto que se chamava Johann Georg Hiedler. Este sobrome era soletrado como Hiedler, Huetler, Huettler e Hitler, sendo padronizado por escrivãos como Hitler.
Adolf nasceu Hitler filho de Alois e Klara Poetzl (segundo casamento). Seus irmãos foram Gustav (morreu aos 2 anos), Ida (morreu aos 2 anos) Otto, morto antes de um ano, Emund (morreu aos 6 anos) e Paula, morreu em 1960. Portanto não há outro irmão na história.
Paula tinha pouco contato com Adolf, tendo-o perdido totalmente antes da Primeira Guerra Mundial e só voltando a encontrá-lo em 1920. A partir de 1929 ela o via apenas uma vez por ano. Em 1936, por motivos de segurança, Adolf pediu que ela mudasse o sobrenome para "Wolf" seu apelido de infância. (Fausto Wolff, gente... Se toquem...) Durante a Segunda Guerra ela trabalhou como secretária num hospital militar e foi presa pela inteligência militar americana em 1945, permanecendo vários meses na cadeia. Voltou para Viena e em 1952 retornou à Alemanha onde viveu isolada até sua morte em 1 de junho de 1960. Nunca se casou e não teve filhos.
Os dois filhos do primeiro casamento de Alois Hitler foram Angela Matzelberger que casou com Leo Raubal e seus filhos tiveram este sobrenome, e Seu irmão, também chamado Alois. Este foi viver na Irlanda e chegou a Londres em 1910. Teve uma filha Brigid Hitler e um filho William Patrick Hitler que foram ativistas anti-nazistas na Segunda Guerra na Inglaterra, EUA e Canadá. William casou-se nos EUA e teve 4 filhos que optaram por não terem filhos e encerrar
a linhagem.
Esse caso do "Brown Hitler" parece ser uma grande asneira sem fundamento histórico algum. Ele pode até ser descendente de uma Ema Hitler, mas em meio a outros milhares de "Hitlers" judeus e não judeus alemães, sem relação com a família do carrasco de 6 milhões.
Originada alguns dias atrás por uma matéria em inglês na Aish, rapidamente um texto estranho sobre a existência de um sobrinho-neto de Hitler, judeu, em Israel, professor universitário conceituado, se alastrou pelo mundo. Se estivéssemos em abril, estava tudo explicado. Este é um dos exemplos típicos da credibilidade total que as pessoas atribuem ao que é colocado na Internet. Ainda tem gente chamando a "Garoto" de anti-semita...
Recebemos vários emails com os títulos: "Olha só!", "Você Sabia?", "Impressionante!" Mas mas pessoas não fazem a mínima autocrítica ou tentam confirmar fatos históricos para saber se um texto enviado pela Internet pode ser verdadeiro ou não. Sempre que convém é verdadeiro. Quando não convém é falso.
Acho até curioso. Quando eu escrevi que a ministra da educação de Israel foi expulsa e agredida por alunos em Merkaz Harav, um monte de gente me acusou de mentiroso! Calma aí, pois a ministra esteve no Rio de Janeiro, nós a entrevistamos sobre este assunto e ela vai contar para todos os descrentes o que aconteceu com ela na ocasião. Vai ser no programa após Iom Kippur...
Agora, quando um texto da Aish, re-publicado em tudo quanto é canto, diz que um sobrinho-neto de Hitler estudou em Merkaz Harav todo mundo acha a coisa mais natural, acima de qualquer tipo de crítica...
Essa matéria estranha, afirma que uma pessoa não identificada, chamada apenas por "Dr. Daniel Brown", o que já deveria detonar a credibilidade, teria nascido em 1952 (nomes dos pais também não publicados) afirmando que sua avó se chamava Erna Petra Hitler. "Daniel" diz que Ema "tinha um sogro que era irmão de Hitler." Pronto! Esta matéria deveria terminar aqui, pois Hitler não teve irmãos e ponto final! Apenas Adolf e Paula chegaram a idade adulta.
"Daniel" diz ainda que Ema se casou com Hans Hitler, filho do tal irmão de Adolf...
O sobrenome Hitler era especificamente comum na Alemanha com várias grafias. Alguns anos atrás, tomamos um susto na FIERJ quando um senhor, com a esposa dele e a filha, vieram para uma entrevista de aliá: o sobrenome da família judaica era "Hittler" com dois "t", na carteira de identidade brasileira! Conversei com ele. Perguntei se isso tinha trazido problemas e ele respondeu que a vida inteira. Perguntei por que nunca trocou e ele disse que jamais trocaria pois conhecia a origem de sua família judia alemã desde o século 18 e tinha orgulho do sobrenome. Fizeram aliá e moram em Israel sem nenhuma dificuldade. Um grupo de pessoas chega no controle de passaportes com o sobrenome "Hittler" e nada de diferente acontece... Mas a filha de nosso embaixador, essa sim era suspeita...
A biografia de Adolf Hitler é especificamente conhecida e divulgada em dezenas de livros dos mais diversos pesquisadores anti-nazi, nazi e isentos dedicados à vida da besta nazista. Não há discussão sobre a família dele. Todos concordam.
O pai dele, Alois Schickelgruber tinha o sobrenome da mãe pois era filho da pai desconhecido. Em 1876 adotou o sobrenome do padrasto que se chamava Johann Georg Hiedler. Este sobrome era soletrado como Hiedler, Huetler, Huettler e Hitler, sendo padronizado por escrivãos como Hitler.
Adolf nasceu Hitler filho de Alois e Klara Poetzl (segundo casamento). Seus irmãos foram Gustav (morreu aos 2 anos), Ida (morreu aos 2 anos) Otto, morto antes de um ano, Emund (morreu aos 6 anos) e Paula, morreu em 1960. Portanto não há outro irmão na história.
Paula tinha pouco contato com Adolf, tendo-o perdido totalmente antes da Primeira Guerra Mundial e só voltando a encontrá-lo em 1920. A partir de 1929 ela o via apenas uma vez por ano. Em 1936, por motivos de segurança, Adolf pediu que ela mudasse o sobrenome para "Wolf" seu apelido de infância. (Fausto Wolff, gente... Se toquem...) Durante a Segunda Guerra ela trabalhou como secretária num hospital militar e foi presa pela inteligência militar americana em 1945, permanecendo vários meses na cadeia. Voltou para Viena e em 1952 retornou à Alemanha onde viveu isolada até sua morte em 1 de junho de 1960. Nunca se casou e não teve filhos.
Os dois filhos do primeiro casamento de Alois Hitler foram Angela Matzelberger que casou com Leo Raubal e seus filhos tiveram este sobrenome, e Seu irmão, também chamado Alois. Este foi viver na Irlanda e chegou a Londres em 1910. Teve uma filha Brigid Hitler e um filho William Patrick Hitler que foram ativistas anti-nazistas na Segunda Guerra na Inglaterra, EUA e Canadá. William casou-se nos EUA e teve 4 filhos que optaram por não terem filhos e encerrar
a linhagem.
Esse caso do "Brown Hitler" parece ser uma grande asneira sem fundamento histórico algum. Ele pode até ser descendente de uma Ema Hitler, mas em meio a outros milhares de "Hitlers" judeus e não judeus alemães, sem relação com a família do carrasco de 6 milhões.
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