segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Pronunciamento do Deputado Marcelo Itagiba no Congresso Nacional

DISCURSO PROFERIDO NO CONGRESSO NACIONAL PELO DEPUTADO FEDERAL MARCELO ZATURANSKY ITAGIBA EM HOMENAGEM AO ANO NOVO JUDAICO - ROSH HASHANÁ 5768

Na noite de amanhã os judeus em todo mundo estarão comemorando o início do novo ano judaico de 5768. Esta contagem tem origem na criação do mundo segundo os cinco livros de Moisés, o Pentateuco. O povo judeu tem cerca de 3800 anos, contados desde o patriarca Abraão.

A tradição do judaísmo ensina que o último mês do calendário, é dos mais importantes do ano, pois até os peixes tremem nos mares. É o mês da preparação para o julgamento final que o "Todo Poderoso" realizará nos dez dias que se estendem até o YOM KIPPUR – o dia do perdão. Nos dias que antecedem estas grandes festas, cada um de nós deve fazer um verdadeiro balanço do ano que passou, levando a crédito as boas ações e a débito os erros.

Ensinam nossos sábios que o arrependimento, as orações, a filantropia, podem reverter os maus desígnios do destino. É fácil concluir que em relação aos principais preceitos do judaísmo, como os 10 Mandamentos, devemos ter errado apenas suavemente. Na verdade, o maior perigo reside nos atos falhos que praticamos e sequer sentimos que são erros.

Um exemplo claro está nas lições do grande sábio do Pentateuco – o Chafetz Chaim - o amante da vida. A maledicência - ou falar mal dos outros, é algo que fazemos muitas vezes sem perceber e ignoramos o mal que isto pode provocar. Em nossa boca temos a mais perigosa das armas de um ser humano: a palavra. Para ferir alguém com uma arma é preciso que este alguém esteja em nossa frente ou em nossa direção. Já, através da difamação, podemos atingir alguém que está a quilômetros de distância e até mesmo em outro continente.

Ao refletirmos sobre os erros do ano que passou devemos tentar lembrar a quem teríamos ofendido com palavras ou simplesmente divulgando boatos e mentiras e procurar corrigir os danos causados. Ensina a sabedoria judaica que o "Todo Poderoso" só pode perdoar os pecados cometidos no desrespeito aos seus ditames. Para os erros cometidos contra nossos semelhantes, apenas o perdão direto do ofendido é considerado como válido. Em Rosh Hashaná é fundamental concentrar o pensamento nas atitudes, procurando repetir as virtudes e eliminar as falhas.

Neste dia que antecede o ROSH HASHANA, vamos pensar muito no sábio judeu do primeiro século, Hillel, e lembrar seus ditados: "Se eu não for por mim, quem será? Mas se eu for só por mim, quem sou eu?" Isto nos fará lembrar do nosso próximo que precisa de ajuda, de apoio material, de uma caridade. Vamos pensar também em Rabi Akiva e sua célebre frase que resume todo o sentido da nossa Torah - o Pentateuco: "Amarás ao próximo como a ti mesmo". Isto nos remete à boa ação de amparar uma viúva, um órfão ou um incapaz.

Uma tradicional melodia cantada na festa de ano novo, diz - NOSSO PAI E NOSSO REI - cuja última estrofe diz : CONCEDE-NOS A TUA GRAÇA E ATENDE-NOS, MESMO QUE CAREÇAMOS DE BOAS AÇÕES - FAZE CONOSCO JUSTIÇA E BONDADE E SALVA-NOS.

Que este ano novo seja cheio de alegria, saúde, paz, realizações pessoais e orgulho de filhos e netos.

Que o mundo caminhe por avenidas mais largas onde também possam passar os menos aquinhoados pelo destino.

Que possamos comemorar finalmente a paz justa e definitiva entre árabes e israelenses.

Que tenhamos menos desemprego e mais justiça social para todo povo brasileiro. Shaná Tová para todos, um feliz 5768, que seja um ano de paz para todos os povos.

Marcelo Zaturanski Itagiba
Deputado Federal
PMDB-RJ

Brasília , 11 de setembro de 2007
Câmara dos Deputados

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