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Nacionalismo, fanatismo, cultura e estética no Brasil
O próprio projeto da União Européia, que teoricamente deveria enfraquecer a xeonofobia, parece fortalecer o neonazismo. Pesquisas apontam que a insegurança social - contexto para a propagação do ideiais nazistas - atinge 60% dos alemães. O racismo é um fenômeno antigo que permanece no Velho Continente: mais da metade dos alemães acreditam que há muitos estrangeiros no país e afirmam que, em caso de carência de empregos, os forasteiros deveriam voltar a suas nações de origem.
Para Rachel Denber, vice-diretora da Divisão da Europa e Ásia Central do Human Rights Watch, os governos também "têm sua parcela de culpa pelo crescimento das manifestações nazistas atuais e não fazem o bastante para combater o movimento, pois não o incluem na lista de prioridades".
- A ideologia nazista é um mal político e não um distúrbio psiquiátrico - avalia Antônio Andrioli. - É um totalitarismo aliado à lavagem cerebral e elevado ao nível de fanatismo religioso, no momento em que utopias estão em crise e há um vácuo para figuras messiânicas.
Enquanto autoridades se armam contra o neonazismo - como o fato de a polícia investigar Peter Voigt, líder do NPD, por ter proposto o prêmio Nobel da Paz a Rudolf Hess - a tendência é, para Agustín Romero, "exercícios democráticos avançarem e o neonazismo não ocupar posições sociais importantes".
Com expressão em todos os continentes, o movimento neonazista na América Latina é confuso e têm inspirações diversas. Paradoxalmente, os neonazistas brasileiros lutam por uma limpeza étnica impossível de ser feita num país formado por misturas de etnia como europeus, asiáticos, africanos e indígenas.
O movimento neonazista no Brasil, além de discriminar judeus, age principalmente contra trabalhadores nordestinos em cidades como São Paulo e Porto Alegre.
A confusão entre o punk dos anos 80 e os carecas (ou skinheads e boneheads - inicialmente um movimento estético e de estilo de vida) marca o movimento xenófobo de extrema direita aqui. Gangues do subúrbio - como o ABC paulista e a zona Leste de São Paulo - tinham um discurso que valorizava a moral católica e uniram-se ao movimento dos cabeças raspadas, de caráter nacionalista. O grupo levanta bandeiras nacionalistas e prega valores conservadores como a moralização da sociedade.
Em 2000, cerca de 20 carecas do ABC espancaram até a morte o adestrador de cães homossexual Edson da Silva, quando este passeava de mãos dadas com o namorado no Centro de São Paulo.
Depois do episódio, grupos neonazistas enviaram uma carta a autoridades paulistanas em que diziam:
"Vamos destruir todos os veados, pretos e nordestinos (...), todos que defendem essas sub-raças vão se arrepender (...). Salve a raça superior. Nós, os skinheads".
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