terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O Momento

O Momento

Herman Glanz (*)

Cesse tudo o que a antiga musa canta, que outro poder mais alto se alevanta.

O quente do momento é a morte do terrorista e principal mestre na tática do terror, Imad Mughniyeh, assassinado na Síria no dia 13 de fevereiro passado. Mughniyeh foi o cérebro e preparador dos ataques à Embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992, e à AMIA, na mesma Buenos Aires, em 1994.

O Irã, a Síria e Hizbollah estão se movimentado para atacar Israel, como forma de punição pelo assassinato de Mughniyeh, que dizem ter sido praticado por comandos israelenses.

Jornais árabes, ontem, sugerem que serviços secretos árabes sejam os responsáveis, e outras fontes sugerem que os libaneses maronitas o fizeram. O veterano correspondente da CNN, Jim Clancy, levanta a hipótese de que Mughniyeh pode estar vivo, não passando tudo de uma farsa para forjar um pretexto para atacar Israel, pois o Irã tem medo de ataques de Israel contra suas instalações nucleares.

Outros serviços libaneses dizem que a Síria executou o atentado para se posicionar bem junto aos Estados Unidos, traindo o Hizbollah, pois isso são coisas da política de interesses. O jornal Teheran Times diz que o caso tem ligação com o Líbano e Hizbollah, onde a eleição presidencial não se realiza há três meses devido a impasses partidários e que, recentes assassinatos no Líbano de membros importantes do Hizbollah, como os oito membros, em 27 de janeiro passado, fazem parte da onda para desviar a atenção, introduzida pelos Estados Unidos e Israel, face ao relatório final sobre a Guerra do Líbano II.

E o diário do Kuwait, Awan, diz que Mughniyeh morreu quando preparava um carro bomba. Outros jornais do mesmo Kuwait dizem que Mughniyeh estava preparando atentados em países árabes que se mostravam desinteressados em se juntar ao terror, e que, incluindo a Síria, resolveram eliminá-lo. Talvez nunca se saiba ao certo.

Os relatórios preliminares iranianos revelam danos maiores decorrentes do assassinato, com uma bomba colocada no carro do terrorista mor, que matou também agentes de sua segurança e da segurança síria. Todo o problema, se ocorreu mesmo o assassinato, diz respeito à competência que atribuem a Israel de chegar lá e passear, como fizeram com o bombardeio da central nuclear síria, quando a aviação israelense foi lá, bombardeou a central e saiu sem qualquer detecção dos radares.

O que preocupa Irã e Síria, sempre se de fato o caso existiu, são os serviços de informação israelenses, pois o Irã está colocando seus esforços nucleares na Síria, e tudo pode ser, ou ter sido, descoberto por Israel. Mesmo se o assassinato seja uma farsa, podem ter verificado que agentes estrangeiros, principalmente israelenses, tenham descoberto informações importantes. Igualmente o Hizbollah, apoiado e orientado pelo Irã, está em alerta, dizendo ter colocado 50.000 homens para atacar Israel.

Em Israel, o Primeiro Ministro, Olmert, o Ministro da Defesa, Ehud Barak, o Chefe do Estado Maior, Ashkenazi, e os dirigentes dos Serviços Secretos, externo e interno estão num exercício de jogos de guerra, para não serem apanhados de surpresa. Os comandos do norte de Israel estão em alerta. Está Israel também preocupado com possíveis ataques a judeus, mundo afora.

Por intermédio do Hizbollah, estão sendo preparados ataques a alvos ocidentais em todo o mundo. No dia 30 de janeiro, os serviços secretos franceses prenderam em Paris seis árabes suspeitos de preparativos do terror na Europa. Os Estados Unidos se mostram cautelosos. Por outro lado, tudo pode estar ligado, também, às vantagens que vêm alcançando os Estados Unidos no Iraque, onde os ataques às forças da coalizão caíram em 80%, desviando-se, assim, a atenção, especialmente em momento das campanhas dos candidatos às eleições presidenciais americanas.

O fato é que a situação é muito preocupante, pois não se sabe como e onde os ataques do Hizbollah e Irã poderão ocorrer, pois querem ataques de impacto. Será um míssil iraniano sobre Israel? Líderes do Irã falaram que logo haverá alegria pela eliminação da "entidade sionista". Será algum alvo israelense e judaico pelo mundo? Israel já alertou as comunidades judaicas. Preocupa muito.

A política mundial é um intrincado jogo de xadrez, onde cada passo pode ser importante ou fatal. E, como sempre, sofre Israel, e sofrem os judeus.

Um terremoto atingiu Israel na sexta-feira, que teve como epicentro o Líbano, e abriu uma cratera na praça do Monte do Templo. Os muçulmanos culpam Israel. Sempre culpado.

(*) Herman Glanz - Presidente da Organização Sionista do Brasil

Nenhum comentário: