segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Fila única nos cinemas

Não é possível ficar quieto quando nossos deputados estaduais derrubam o veto do governador Sergio Cabral sobre a lei que determinar lugares marcados no cinemas e fila única: só uma fila para comprar e entrar na sala de exibição.

A quem interessa isso? Ao povo? Os deputados são nossos representantes mas o que estão representando quando intrometem o Estado até mesmo nas escuras salas de cinema? Os donos de cinema pediram? Creio que não. O público pediu? Creio que não. A ANCINE pediu? Creio que não. Os diretores e atores? Também não. Então a quem interessa essa bobagem que virou lei?

Não se leva em conta a realidade. Eu entro no cinema e sento onde eu quiser. Já é assim a mais de 50 anos! Se meu lugar não for legal, se minha cadeira estiver ruim ou suja, se tiver gente me enchendo o saco em volta, eu mudo de lugar! Agora terei lugar marcado e se mudar de lugar, alguém virá me tirar.

Agora, como comprar lugar marcado? Cada cinema terá um painel digital enorme de lugares a disposição para CADA UMA DAS SESSÕES? Será que os deputados não entendem que se compra ingresso adiantado pela internet ou mesmo na bilheteria? Será que não percebem que passará a haver lugares BONS e lugares RUINS? Quem vai pagar pelo "lugar ruim"? Eu, você? Seria mais digno remover as cadeiras dos lugares ruins.

Talvez tenha sido essa a intenção. Eu chegar, comprar um ingresso, entrar na sala e ter sobrado apenas aqueles lugares lá dentro da tela... Aí eu estaria protegido e... Não iria ver o filme. Ainda não sei o que é pior. Mas cinema não que nem avião onde as configurações são semelhantes e vc sabe onde vai sentar em qualquer vôo. Cada cinema é diferente e ninguém vai saber realmente que lugar escolher.

E cinema não é igual a teatro onde há apenas uma sessão e tempo para assentar todos. Já imaginou umas 250 pessoas procurando seus lugares?

Isso vai introduzir uma confusão desnecessária na sociedade e fez muito bem o governador do RJ em vetar e fez muito mal a nossa queria Assembléia Legislativa em derrubar o veto.

Quanto à fila única, isso beira a estupidez mesmo. Creio que os deputados nunca foram ao cinema, ou pelo menos aos cinemas modernos onde há fila única para compra de ingressos em enormes balcões com atendimento rápido e filas de cada sala para entrar. Há complexos com 10, 15, 20 cinemas espalhados ao longo de edificações e é muito idiota pretender que cada sala possua uma bilheteria. Pior ainda é definir que só pode haver uma fila. Sendo assim, o impaciente espectador só poderia comprar o ingreso ao ser liberada a entrada na sala, ou então iria para outra fila de qualquer forma...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE SITE LETRAS.TERRA.COM.BR

Recebemos hoje dezenas de emails repassados da matéria original do "De Olho na Mídia" do dia 3 de novembro e outras que se referem à matéria e acrescentam conteúdo desorganizado datada originalmente do dia 7 de novembro com o título sensacionalista e contraproducente: "ANTI SEMITISMO musica no site TERRA!!! INACREDITÁVEL!!! e a resposta do terra"

O incidente anti-semita denunciado com propriedade pelo "De Olho na Mídia" foi resolvido no dia 4, portanto não há propósito algum nesta onda de emails alarmistas. Novamente as pessoas repassam conteúdo alarmista sem ao menos clicar nos links do email original para ver se algo mudou ou para se certificar do original. O alarme desqualificado é sempre encarado como a expressão da verdade e isto não pára de se repetir a cada caso.

Quem o denunciou inicialmente ao Terra agiu de forma absolutamente correta.

Ao clicar em qualquer link do email original


se chega a uma página do site em questão com uma nota oficial assinada pelo seu responsável. Ela deve ser lida por todos os que se interessaram por este caso.

O portal Terra, como quase todos os grandes portais usa o sistema de "moderação posterior" de comentários ou conteúdo. Este sistema é legítimo mas deplorável, pois permite que conteúdo infrator das leis brasileiras fique no ar até alguém perceber, reclamar, a reclamação ser lida e uma providência ser tomada. Se não houver reclamação, não haverá moderação. Para haver "moderação anterior" seria necessária a contratação de "moderadores de conteúdo", coisa que os grandes portais, com grande poder econômico, não estão dispostos a fazer. Não sabemos por quanto tempo e quantas letras destes grupos ficaram disponíveis. Mas garanto que não é só lá.

O que não pode ser feito é ignorar os mecanismos de denúncia dos sites e portais e partir para um alarme ANTES de uma denúncia formal. A notícia do crime não pode ser anterior a sua denúncia. A notícia não pode ser a própria denúncia.

Mas este caso resultou numa atitude positiva, pois o "letras.mus.br" declara: "Para evitar que o problema se repita, desenvolveremos um sistema para detecção de palavras-chave que nos auxilie a remover proativamente letras com conteúdo ilegal e incluir um link em todas as páginas "Denuncie conteúdo impróprio" para que este processo seja ainda mais ágil." Esta é uma atitude correta dentro do exigido pela lei brasileira e por suas próprias normas internas de conduta.

Ao contrário do pretendido na nota oficial do Terra, quem publica, quem mantém o portal é sim responsável pelo seu conteúdo. Perante as leis que temos, o preconceito "cantado" ou quem sabe, "tatuado" é uma coisa. A letra impressa e publicada é outra coisa, bem tipificada. É uma publicação da imprensa como qualquer outra.

Agora quanto ao título do email do dia 7 que se propaga até o momento, "Inacreditável" não é a publicação de conteúdo nazista. Ela é real! Acredite! Os grupos Stuka, Comando Blindado, Locomotiva, Zurzir e outros são bandas nazi ou de supremacia branca, que atuam quase abertamente no Brasil há muitos anos. A letra citada é uma das "bobinhas" em relação a outras destes grupos com forte conteúdo anti-judeus, anti-negros e anti-nordestinos.

Normalmente seu conteúdo se restringe a sites nazistas. Tais bandas produzem CDs caseiros, colocam músicas na internet e promovem shows, principalmente em SP e nos estados do Sul do Brasil. Não pode haver a incredulidade da existência destes grupos e nem pode haver a incredulidade de sua militância que atua de todas as formas tradicionais e digitais possíveis para difundir seu ódio contra os "não-brancos" e contra os judeus.

José Roitberg - FIERJ