Contendo entre 30 milhões e 50 milhões de páginas, documentos de 17,5 milhões de vítimas do Holocausto estarão disponíveis a historiadores em poucos meses
Estadão com Associated Press
Depois de permanecerem guardados por 52 anos, os valiosos arquivos nazistas de Bad Arolsen (centro da Alemanha), que reconstroem o trágico destino de 17,5 milhões de vítimas dos campos de extermínio nazistas, estarão à disposição dos historiadores em poucos meses, segundo informou um comunicado nesta terça-feira, 15.
Com a aproximação da derrota na 2ª Guerra Mundial, alemães queimaram milhões de registros, numa tentativa de acobertar o maior genocídio da história. Mas a fração que sobreviveu compõe o maior arquivo do nazismo existente, e nesta semana os esforços para retirar o véu de segredo que cobre esse tesouro histórico há 52 anos deram um grande passo adiante.
Até o momento, o arquivo que, se estima, contém de 30 milhões a 50 milhões de páginas, vem sendo usado para reunir famílias e checar reivindicações de indenização. Os arquivos foram fechados em 1955, porque temia-se que a divulgação irrestrita ferisse a privacidade de vítimas do Holocausto.
Mas sobreviventes vêm exigindo acesso direto, insatisfeitos com as respostas protocolares. Há um ano, a comissão decidiu abrir o arquivo para pesquisa.
A comissão de 11 países que controla o Serviço Internacional de Rastreamento, um braço do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, reuniram-se na última segunda e nesta terça-feira, em Amsterdã, para decidir quando e como disponibilizar cópias eletrônicas do material.
A comissão votou por deixar de lado a burocracia e começar a distribuir cópias eletrônicas aos países-membros, assim que estiverem prontas.
A decisão contotna a exigência de que todos os 11 países ratifiquem o tratado de 2006 que permite a abertura do arquivo, e deverá encurtar o prazo de distribuição do material em muitos meses.
Recurso histórico
Conforme a geração dos sobreviventes desaparece, a decisão de tratar digitalmente os documentos e disponibilizá-los transformará os arquivos, de um recurso humanitário, em recurso histórico.
A coleção de documentos tem 25 km de comprimento, ocupando seis edifícios.
Os nazistas destruíram 90% dos arquivos, disse Dieter Pohl, do Instituto de História Contemporânea de Munique. O escritório de Adolf Eichmann, que orquestrava o transporte de milhões de judeus para as câmaras de gás, começou a queimar seus registros em fevereiro de 1945, três meses antes da rendição alemã.
Entre os documentos que sobreviveram há milhões de páginas de registros de óbito, registros de campos de concentração, listas de transporte e memorandos internos nazistas, como a ordem de Heinrich Himmler para o esvaziamento dos campos, antes que fossem capturados pelos aliados. "Nenhum prisioneiro deve cair, vivo, nas mãos do inimigo", diz o comunicado.
Os arquivos relatam tudo, da suposta homossexualidade de um prisioneiro, denominado como "criminoso profissional", até a prisão de uma mulher por ela ser mãe de uma criança mestiça e se negar a ser esterilizada, passando pela contagem de piolhos nos prisioneiros do campo de extermínio de Mauthausen (Áustria).
"Os nazistas mantinham escrupulosamente todo tipo de registro", observou Udo Jost, um dos gerentes desse espantoso acervo.
"Dos campos de extermínio, como o de Auschwitz-Birkenau, os únicos documentos de que dispomos são os referentes às partidas de trem para os campos. Sobre a chegada, não há registros. Em compensação, nos campos de concentração, tudo era escrupulosamente anotado", acrescentou.
Os arquivos contêm os exames feitos com os prisioneiros e, inclusive, os "experimentos" médicos, a causa e a hora exata da morte.
Conforme a geração dos sobreviventes desaparece, a decisão de tratar digitalmente os documentos e disponibilizá-los transformará os arquivos, de um recurso humanitário, em recurso histórico.
A coleção de documentos tem 25 km de comprimento, ocupando seis edifícios.
Os nazistas destruíram 90% dos arquivos, disse Dieter Pohl, do Instituto de História Contemporânea de Munique. O escritório de Adolf Eichmann, que orquestrava o transporte de milhões de judeus para as câmaras de gás, começou a queimar seus registros em fevereiro de 1945, três meses antes da rendição alemã.
Entre os documentos que sobreviveram há milhões de páginas de registros de óbito, registros de campos de concentração, listas de transporte e memorandos internos nazistas, como a ordem de Heinrich Himmler para o esvaziamento dos campos, antes que fossem capturados pelos aliados. "Nenhum prisioneiro deve cair, vivo, nas mãos do inimigo", diz o comunicado.
Os arquivos relatam tudo, da suposta homossexualidade de um prisioneiro, denominado como "criminoso profissional", até a prisão de uma mulher por ela ser mãe de uma criança mestiça e se negar a ser esterilizada, passando pela contagem de piolhos nos prisioneiros do campo de extermínio de Mauthausen (Áustria).
"Os nazistas mantinham escrupulosamente todo tipo de registro", observou Udo Jost, um dos gerentes desse espantoso acervo.
"Dos campos de extermínio, como o de Auschwitz-Birkenau, os únicos documentos de que dispomos são os referentes às partidas de trem para os campos. Sobre a chegada, não há registros. Em compensação, nos campos de concentração, tudo era escrupulosamente anotado", acrescentou.
Os arquivos contêm os exames feitos com os prisioneiros e, inclusive, os "experimentos" médicos, a causa e a hora exata da morte.
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