"Durante o trajecto entre Bordeaux e Vilar Formoso vão decorrer várias homenagens póstumas a Aristides de Sousa Mendes", explicou Jorge Patrão.
Em Bordeaux, o cônsul Aristides de Sousa Mendes será distinguido com o Grande Prémio Humanitário da França e com o título de Cidadão Honorário de Bordeaux, disse a fonte, acrescentando que na fronteira de Irun, na antiga ponte fronteiriça, entre a França e Espanha, será descerrada uma lápide de homenagem.
Em Portugal, na fronteira de Vilar Formoso, onde na terça-feira a comitiva será recebida pela RTSE e pela Câmara Municipal de Almeida, o cônsul português será condecorado como cidadão honorário do Município.
Na sessão, prevista para as 18:30, vai ser ainda descerrada uma lápide de homenagem na estação ferroviária da fronteira portuguesa.
"Será um acto de justiça à memória de um herói na história dos povos", referiu o presidente da RTSE, admitindo que o diplomata português protagonizou "o maior acto de salvação promovido por uma só pessoa durante o holocausto nazi".
Jorge Patrão justificou que o organismo a que preside se associou à homenagem por existir na região uma Rota das Judiarias, recordando que a acção de Aristides de Sousa Mendes permitiu salvar 12 mil judeus dos 30 mil refugiados enviados para Portugal, durante a Segunda Guerra Mundial.
Por outro lado, adiantou que a RTSE irá anunciar "em breve" a instalação de um memorial a Aristides de Sousa Mendes, na Guarda e em Vilar Formoso, sem adiantar pormenores.
"Será um memorial com uma estrutura física e ainda estamos a pensar noutras hipóteses", referiu.
Aristides de Sousa Mendes, nascido em Julho de 1885, em Cabanas de Viriato, distrito de Viseu, era profundamente católico, o que não lhe permitiu ficar indiferente aos milhares de pessoas que, fugindo aos exércitos de Hitler, procuravam chegar a Portugal para alcançar o continente americano.
O cônsul português em Bordeaux, entre os dias 17 e 19 de Junho de 1940, assinou 30 mil vistos para salvar pessoas do holocausto nazi, contrariando as ordens do Governo de Salazar, situação que o levaria à expulsão da carreira diplomática.
Foi julgado em processo administrativo, sem hipótese de recurso, por ultrapassar os limites fixados pela política salazarista em matéria de refugiados, e por fim demitido do serviço público, o que na altura significava o afastamento definitivo da vida activa.
Morreu "pobre e desonrado" a 03 de Abril de 1954 em Lisboa, no Hospital da Ordem Terceira, devido a uma trombose cerebral, depois de uma intensa carreira diplomática que também incluiu países como o Brasil, Espanha, Estados Unidos e Bélgica.
Lusa/AO
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