ROMA, 15 JUN (ANSA) - O rabino de Roma, Riccardo Di Segni visitou hoje o mausoléu das Fossas Ardeatinas, liderando uma delegação de expoentes máximos da comunidade judia da Itália. "Estamos aqui para manifestar nossa dor e nossa indignação", declarou durante a visita. Esta noite, o Coliseu, famoso monumento da capital italiana, será iluminado em memória das 335 vítimas do massacre. Dos mortos, 75 eram judeus. "A matança das Fossas Ardeatinas é um luto para toda a cidade, sem distinções de religião", disse Di Segni. A visita simbólica ao mausoléu, além de homenagear as vítimas do massacre nazista de 1944, manifesta contrariedade à medida da justiça militar que libertou o ex-capitão da SS, Erich Priebke, de 93 anos. Ele é acusado de ser um dos responsáveis da matança de 44. Sobre o caso, o rabino não quis fazer mais comentários. Priebke foi autorizado recentemente a abandonar a prisão domiciliar para trabalhar no escritório de seu advogado de defesa apesar de sua condenação à prisão perpétua. Altos representantes da comunidade judia de Roma e a União das Comunidades Judias da Itália (UCEI) que visitaram as Fossas Ardeatinas se detiveram diante da gruta do massacre e declamaram salmos pelos defuntos nas tumbas de "Kaddish". Além de Di Segni, se encontravam presentes o presidente da Comunidade judia, Leone Paserman, o responsável pela oficina rabínica, Alberto Funaro, e o presidente da UCEI, Renzo Gattegna. "O problema não é Priebke como pessoa, disse Gattegna, mas o que ele representa: ele é o símbolo do nazismo que massacrou civis. Nunca se arrependeu pelo que fez e nunca pediu perdão aos familiares das vítimas, ao contrário, sempre manteve sua posição". "Estou revivendo as mesmas emoções que vivi na época de Herbert Kappler (outro militar nazista destacado em Roma, que deixou o hospital militar do Celio, ndr) e não compreendo porque Priebke nunca disse ter se arrependido", disse Funaro. A Associação Nacional de Famílias dos Mártires mortos pela pátria e pela liberdade (ANFIM) - que reúne familiares das vítimas das Fossas Ardeatinas - foi a responsável pelo pedido ao prefeito Walter Veltroni de que se ilumine o Coliseu, como gesto simbólico da cidade de Roma. O prefeito aceitou de imediato o pedido: "é o justo reconhecimento da cidade aos familiares das vítimas de Fossas Ardeatinas. Roma nunca esquecerá as vítimas dessa barbárie nazi-fascista". Uma onde de indignação tomou conta da Itália com a autorização de trabalho concedida ao ex-militar nazista de 93 anos, extraditado em 1995 da Argentina para ser processado, não só entre a comunidade judia, como também entre os políticos. O ministro italiano da Justiça, Clemente Mastella, expressou perplexidade diante dessa decisão do tribunal militar de vigilância. Por outro lado, o advogado do ex-oficial afirmou que "quem se admira de que Priebke tenha certos direitos é racista".( |
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