quarta-feira, 11 de abril de 2007

Itália homenageia Primo Levi

Itália homenageia Primo Levi, grande testemunha do holocausto

Com uma exposição, leituras, programas de rádio e um concerto, a Itália homenageia Primo Levi, sobrevivente e grande testemunha do holocausto, que se suicidou em 11 de abril de 1987, mais de 40 anos depois de seu retorno dos campos de extermínio nazistas.

Sua principal obra, "É isto um Homem?", publicada em 1947 na Itália, depois de sua volta do campo de concentração de Auschwitz, foi traduzida para trinta idiomas e ainda se vende à razão de 200.000 exemplares ao ano no país, onde integra o programa escolar.

No entanto, a Einaudi, grande editora de Turim, cidade natal de Levi, rejeitou o livro, que acabou sendo publicado por uma pequena editora que só vendeu 1.500 exemplares.

A partir de 17 de abril, Turim será a sede da exposição "Primo Levi, porque é um homem".

A mostra será apresentada simultaneamente na cidade francesa de Lyon (centro-leste) e tem como objetivo divulgar as múltiplas facetas de Primo Levi, freqüentemente reduzido ao papel de testemunha e a quem a crítica negou por muito tempo o título de "escritor".

Não se tornou um escritor por sua experiência em Auschwitz. Antes, já queria escrever, mas não tinha identidade literária. A dupla escritor-testemunha complica sua obra, tornando-a mais rica", explicou Marco Belpoliti, encarregado das obras completas de Levi na Einaudi e autor de um programa de dez episódios para a Rádio Pública Italiana (RAI).

A exposição consiste de painéis cujos tons se misturam e transformam, numa alusão à profissão de químico que permitiu a Levi escapar da morte, trabalhando em um laboratório do campo de concentração.

Sua profissão também serviu de inspiração para "A Tabela Periódica", no qual o autor associa episódios de sua vida aos elementos químicos, bem como para seu único texto inédito atualmente, "A dupla relação", composto por cartas escritas a uma mulher.

Ele também escreveu poemas que inspiraram o compositor espanhol Luis de Pablo para criar uma obra que será interpretada na quinta e na sexta-feira pela orquestra da RAI, em Turim.

O historiador Walter Barberis animará, em Turim, uma noite de leituras do livro "Náufragos e Sobreviventes" (1986), últimas reflexões sobre a deportação, no qual o autor evoca o risco de que se repita um genocídio como o praticado pelos nazistas.

Profundamente laico, nascido em uma família que praticava pouco, Levi teve consciência de ser judeu quando se promulgaram as leis raciais de 1938.

"Não compreendi e associava a palavra judeu - "ebreo", em italiano - à palavra livro", contou ao jornal La Stampa, semanas antes de se lançar no vão de uma escada em sua casa, em Turim.

"Não estou tão vivo como para me suprimir", escreveu no livro "É isto um Homem?", escrito quando tinha 27 anos.
Seu suicídio provocou grandes interrogações.

Walter Barberis não acredita que sua morte estivesse relacionada com a deportação. "Estava deprimido por razões particulares, doente e convencido de que tinha pouco tempo de vida", afirmou.

Levi também havia dito que "ninguém pode compreender as razões de um suicida".

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