Gazeta Mercantil - 09-abr-2007
É com grande consternação que tenho acompanhado o drama do rabino Henry Sobel. Sua situação me levou a divulgar uma mensagem na qual proponho uma reflexão sobre os últimos acontecimentos e empenho minha solidariedade ao rabino. Dias depois de tê-la divulgado, continuo recebendo incontáveis e-mails de pessoas que, em sua grande maioria, se identificam com a posição que assumi.
Alguns dos e-mails, porém, contêm críticas que considero totalmente pertinentes. É o caso, por exemplo, dos que levantaram a seguinte questão: Será que o rabino está causando toda essa comoção por ser uma figura conhecida? E o que dizer de todos os cidadãos anônimos que passam por problemas semelhantes, mas que não recebem apoio algum pelo fato de não serem "famosos"? Estaríamos usando dois pesos e duas medidas?
Acredito que o episódio envolvendo o rabino pode - e deve - ser um ponto de partida para reflexões desse tipo. Quantas vezes nos lançamos a julgamentos precipitados sem ter amplo conhecimento dos fatos? Quantas vezes emitimos juízo sobre a vida e o caráter de uma pessoa com base em um único acontecimento? Reproduzo aqui minha mensagem de apoio ao rabino, na esperança de que ela ajude a lançar luz sobre essas questões.
Diz a sabedoria popular que são nas horas de dificuldades que conhecemos os verdadeiros amigos. Como nunca fui o tipo de pessoa que vira as costas a um amigo em momento de crise, gostaria de declarar publicamente minha solidariedade ao rabino Henry Sobel, recentemente envolvido em um polêmico episódio ocorrido nos Estados Unidos. Não quero aqui entrar no mérito da questão, pois não disponho de informações para tanto e porque acredito que tal avaliação cabe à justiça fazer - e ela certamente fará.
No entanto, como bem sabemos, incidentes envolvendo figuras públicas podem gerar uma repercussão enorme, às vezes até desproporcional à dimensão do incidente. E quando isso se torna o assunto do momento, acaba provocando uma onda de opiniões precipitadas, de julgamentos sumários - feitos não pela justiça, com amplo direito de defesa, mas por cidadãos comuns - e que rapidamente evoluem para um linchamento moral.
Em ocasiões como essas, de uma hora para a outra toda a vida pregressa da pessoa é esquecida, e tudo passa a girar em torno daquele malfadado episódio. Acredito, porém, que não podemos permitir que uma história de vida tão marcante quanto a do rabino Henry Sobel seja obscurecida por um único tropeço.
Nesse momento de crise e de extrema angústia para o rabino, é preciso lembrar que o homem que agora é o foco das atenções (e das más intenções de muitos), é um ser humano notável que dedicou sua vida à luta incondicional pelos direitos humanos e contra qualquer forma de preconceito racial, tendo prestado relevantes serviços à sociedade.
A atuação do rabino extrapola o âmbito da comunidade judaica, tornando-o uma figura conhecida e respeitada por pessoas de diferentes raças e credos. Prova desse reconhecimento é o fato de que, em uma eleição promovida pela revista Isto É para eleger o Brasileiro do Século, Henry Sobel, que não nasceu no Brasil, despontou com quase 20% dos votos populares - sinal inequívoco da admiração que ele desperta entre nós.
Como amigo de longa data, compartilho das aflições do rabino e espero que ele, que a tantos apoiou em momentos difíceis, possa contar com o apoio que necessita e merece.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9) (Ricardo Bellino - Fundador e dealmaker da Trump Realty Brazil, CEO do Instituto do Empreendedor (Inemp) e da Bellino's Unlimited. Palestrante, autor de livros, apresenta o programa "PodSucesso com Ricardo Bellino" (www.podsucesso.com.br). O colunista escreve quinzenalmente neste espaço.)
segunda-feira, 9 de abril de 2007
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