sábado, 2 de junho de 2007

Museu Issac Bitton abre amanhã para divulgar cultura judaica no Algarve


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Museu Sinagoga Issac Bitton, em Faro

A divulgação da cultura e tradições judaicas, bem como a recordação da história da presença deste povo na região algarvia, vão ser reforçadas com a inauguração do Museu Sinagoga Issac Bitton, em Faro. O espaço está a ser alvo de intervenções desde o início de 2006, com vista a potenciar a sua actividade enquanto museu e, ao mesmo tempo, dar melhores condições a quem visita o cemitério.
Apesar de a campa mais recente ali existente datar dos anos 30 do século XX, o local é procurado por muitos judeus de visita à região, alguns dos quais têm antepassados aqui enterrados.
Como contou ao «barlavento» o líder da comunidade judaica algarvia Ralf Pinto, a presença de judeus no Algarve remonta, pelo menos, ao século XIV.
É desse século que data uma lápide encontrada no concelho de Faro, relativa a Josef de Tomar, que faleceu no ano de 1315. Uma réplica desta inscrição histórica é uma das atracções do museu.
Também se pode encontrar aqui um monumento em honra de Samuel Gacon, que foi responsável «pelo primeiro livro impresso em Portugal». Em 1487, este homem imprimiu uma cópia do Pentateuco, em hebraico, livro que está neste momento «em Inglaterra», segundo Ralf Pinto.

Até agora, a cultura e história do povo judaico e de Israel eram o tema central do núcleo museológico. Quando for inaugurada a ala dedicada ao falecido Issac Bitton, o benemérito que permitiu a recente recuperação do Cemitério Judaico de Faro, passará a estar igualmente representada a tradição religiosa dos judeus.

O novo edifício, uma casa de madeira, acolherá vários artefactos religiosos, provenientes das duas sinagogas que serviram a comunidade judaica de Faro que se instalou em Faro no século XVIII.

Entre o espólio que poderá ser visto, estão peças de mobília restaurada, construídas originalmente em 1820, provenientes de uma das mencionadas sinagogas. Também poderá ser vista a Arca original, o púlpito (Bima) e a Luz Eterna (Shel Nir), os mesmos que foram usados em cerimónias religiosas durante cerca de 110 anos.

Manequins vestidos a rigor e até testemunhas mostram, no interior do museu, os elementos principais de um casamento judeu, ou Chuppah.

Estes artefactos são a herança de uma grande comunidade judaica que esteve instalada em Faro durante mais de um século.

Cerca de 600 famílias judias, que habitavam em Marrocos, foram convidadas a instalar-se em Faro pelo Marquês de Pombal, após o terramoto de 1755.

O Cemitério judaico foi criado nesta altura e é a morada final de muitos dos membros desta comunidade.

Dado que o futuro Centro Histórico Judaico de Faro acumula a valência de museu com a de cemitério, ou seja, terreno sagrado, foi introduzida outra alteração relevante.

Foi criada uma cerca à volta do local onde existem as campas, para separar fisicamente o espaço do cemitério daquele dedicado ao museu.

Segundo Ralf Pinto, a comunidade judaica que está actualmente instalada no Algarve conta com «cerca de 20 membros», na sua maioria estrangeiros.

Ainda assim, as festas religiosas que são promovidas regularmente na região costumam juntar «cerca de 80 pessoas», já que se deslocam à região familiares e amigos dos judeus que cá residem

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