quarta-feira, 9 de maio de 2007

Franceses defendem preservação da Judiaria

 
Judeus franceses defenderam, no final de uma visita à Guarda, em Portugal, a preservação arquitetônica e dos vestígios da presença hebraica na cidade. Dar testemunho de "um passado glorioso, mas também o sofrimento e a perseguição em terras da Beira portuguesa", é o objectivo dos defensores da preservação da memória judaica, na Guarda. No decorrer de uma visita à Judiaria (bairro judeu), os judeus franceses observaram as inscrições de cristianização insculpidas nos umbrais da portas, a arquitectura tradicional judaica (porta larga e porta estreita), as ruas estreitas do conjunto urbano de feição medieval.
A portuguesa Teresa Cavaco, que integrava o grupo, sustentou que os "símbolos agora apelidados de marcas mágicas, apostas nas casas dos judeus, são um testemunho documental importante para mostrar às actuais gerações e às vindouras aquilo que foram os antigos bairros judeus".
"São marcas de que os judeus, embora mostrassem exteriormente que estavam convertidos, continuaram no seio familiar a praticar os cultos ancestrais dos seus avoengos. É interessante ainda ver, na Guarda ou em Belmonte, que muitas famílias ainda mantêm essa tradição, quantas vezes envolta em segredo como que de um verdadeiro património íntimo, único", disse.
Alguns dos participantes na deslocação salientaram a importância da preservação da arquitectura judaica tradicional, nesta área do Centro Histórico da Guarda, como "elemento imprescindível para se perceber a vida do povo hebreu nesta área, da volumetria das suas habitações e da sua interligação ou comunicação com o espaço dos cristãos".
O grupo judeu observou a casa onde, tradicionalmente, esteve instalada uma das sinagogas da Guarda, agora convertida em casa de comércio, a Casa do Barbadão, que a tradição diz estar ligada à família de Bragança, a entrada da antiga Judiaria Medieval e as portas das muralhas da cidade (Porta do Sol e Porta d'El Rey), em cujas imediações se situa o bairro judeu ou Judiaria.
Esta deslocação inseriu-se num conjunto de visitas patrocinadas pela Associação Judaica Rosh Pinah da Guarda, que pretende, em conjunto com a Região de Turismo da Serra da Estrela, fomentar este tipo de turismo cultural. Os judeus franceses visitaram ainda a Sinagoga de Belmonte, onde contactaram com dirigentes da comunidade judaica local e a Judiaria de Trancoso.

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