sexta-feira, 11 de maio de 2007

Will Eisner dá nova visão sobre judeu vilão criado por Dickens

Will Eisner dá nova visão sobre judeu vilão criado por Dickens
 
Os preconceitos raciais contra os judeus serviram de mote para o livro "Fagin, o judeu", do autor norte-americano Will Eisner, que a Gradiva acaba de publicar em Portugal.

O livro recupera uma das personagens principais de "Oliver Twist", de Charles Dickens, e traça um retrato centrado em Fagin, aquele que ensinava meninos de rua a roubar.
A obra, desenhada em tons castanhos e aguarelados, tem como cenário Londres no século XIX, cidade da Europa que serviu de refúgio a muitos judeus espanhóis, portugueses e da Europa Central, embora entre eles houvesse diferenciações sociais.Eisner, que escreveu esta obra em 2003, dois anos antes de morrer, põe o próprio Fagin a contar a sua vida até ao momento do enforcamento.
O escritor Charles Dickens é também incluído na história, num diálogo final com Fagin, que o acusa de ter dado uma imagem distorcida e perversa dos judeus.
No prefácio a "Fagin, o Judeu", Will Eisner explica que começou a produzir "narrativas ilustradas com temas judaicos, numa tentativa de denunciar os preconceitos que o povo judeu continua a enfrentar".
Ao ler clássicos da literatura como "Oliver Twist", Eisner apercebeu-se de que há "estereótipos étnicos que hoje são aceites sem contestação".Sublinhando que esta não é uma versão de "Oliver Twist", mas a história de Moses Fagin, o autor norte-americano explica também, no posfácio, que Dickens "encorajou os preconceitos anti-semitas", ainda que não tenha tido a intenção de difamar o povo judeu.

Em entrevista à revista Time, em Setembro de 2003, Will Eisner afirmou que apenas quis traçar uma biografia daquela personagem, sem contudo limpar o seu cadastro, já que Fagin continua a ser um criminoso que incentivava ao roubo.

Will Eisner, que faleceu em 2005 aos 86 anos, foi um dos mais importantes autores de banda desenhada nos Estados Unidos, sendo considerado o pai dos "comics" modernos e um dos precursores dos romances gráficos.

É o autor da série "The Spirit" publicada pela primeira vez na imprensa em 1940 e centrada no detective Denny Colt, personagem sem super-poderes que combatia o crime, debaixo de uma máscara e com o apoio das autoridades.

Além de "Fagin, o Judeu", a Gradiva publicou de Will Eisner a obra "A Conspiração - A história secreta dos protocolos dos sábios de Sião".

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